segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Por favor! Uma dose de ciência.


Decidi na minha primeira vez aqui postar um texto antigo, mas muito bom que nos leva a refletir sobre a ciência em nosso país.


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Em nosso país, a população conhece pouco de ciência. Quando lhe é apresentada alguma notícia, as pessoas acham que se refere a algo do "estrangeiro", algo muito distante, fora da sua realidade cotidiana. Como contraponto, um bom exemplo de competência brasileira é o trabalho realizado pelo LNLS (laboratório nacional de luz síncrotron) em Campinas. Onde estão instalados, além dos microscópios eletrônicos de última geração, único anel de luz síncrotron do país que permite visualizar estruturas de átomos e moléculas. Uma mostra dessas pesquisas foi o fórum realizado em Campinas nos dias 18 e 19 de fevereiro mostrando as pesquisas de 1º mundo de referência e de excelência internacionalmente reconhecida. (Releases do forum aqui.)
Em países com um nível de escolaridade maior, principalmente os mais desenvolvidos, onde o acesso à informação é mais democrático, o público é bastante interessado e bem informado acerca das principais notícias que se referem à ciência. Nesses países, desde a educação primária, o conhecimento científico é estimulado pelas instituições públicas de ensino, encarregando-se disso também a mídia e importantes segmentos da sociedade civil organizada. Isto faz dos temas ligados à ciência objeto de ampla discussão pela população e, conseqüentemente, pelos seus representantes.
No Brasil, muitas vezes a ciência é ignorada ou não levada a sério por nossos legisladores, governadores, ministros e autoridades em geral. O desconhecimento e desinformação de amplo segmento da nossa população, motivado principalmente pelo acesso elitizado ao conhecimento, faz da ciência entre os políticos um tema de menor valor, já que atrai poucos votos. Isto gera um círculo vicioso de ignorância e desprezo: a ciência, menosprezada no país, ganha fama de irremediavelmente atrasada e subdesenvolvida; algo como um país eternamente condenado a ocupar os últimos lugares no cenário mundial, exceto no samba e no futebol.
Mostraram-se verdadeiras as palavras de Rutherford: “o país que não desenvolver a sua ciência e a sua tecnologia está fadado a se transformar em um fornecedor de lenha, de latas d’água e de seus recursos naturais para os povos civilizados”. A democratização do acesso à ciência é a “terra fértil” para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, que gera a riqueza do país, que permite mais investimento em ciência. Este é o círculo virtuoso essencial para o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável e socialmente responsável, que se pretende traçar neste século. O grande empecilho, no Brasil, é o tamanho ainda restrito do nosso parque científico e tecnológico e seu relativo desconhecimento pela maioria da população.
Muito bem! Agora é a hora. A nação necessita de educação e ciência. Necessitamos nem de pouco, nem de muito, mas sim do essencial. Já que estamos chegando em um ano eleitoral, enchamos o peito e digamos, para os nossos futuros representantes, em alto e bom tom: “Por favor! Uma dose de ciência” {...}


Esse texto foi originalmente publicado no Jornal Princípia por mim, mas com grande contribuição da minha grande amiga Anamaria Barem e meu grande amigo, professor, orientador Dr. Hamilton P. S. Corrêa, no projeto Casa da Ciência.
E são a eles que faço essa singela homenagem.

Um comentário:

  1. Num país com Pré-sal, Amazônia, aquíferos e gás natural pensar "ciência" não é uma questão puramente escolástica, mas um ato de defesa e garantia da soberania nacional.

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